Bancários de São Paulo promovem sardinhada contra abusos do Santander
Um poço de crueldades e abusos. É dessa forma que uma agência do Santander localizada na zona norte da capital paulista pode ser descrita, de acordo com relatos de bancários que trabalham ali. Por esse motivo, o Sindicato dos Bancários de São Paulo organizou uma sardinhada nesta terça-feira 17 para denunciar as práticas desumanas que os gestores daquela unidade impõem aos funcionários.
Segundo apuração do Sindicato, das 19h às 23h, portanto após o horário do expediente, os bancários são obrigados a peregrinar nas portas das faculdades em busca de abertura de contas universitárias.
Mas os abusos não param por aí. De acordo com depoimentos dos trabalhadores, quando a agência está sem movimento, a gerente de atendimento designa os caixas para vender produtos do banco aos clientes e ainda são estipuladas metas para esse serviço, que ultrapassam os 100%.
Essas posturas podem ter origem na falta de funcionários. Nos últimos 12 meses, segundo balanço próprio, o Santander cortou 3.216 postos de trabalho.
Desumanidade
De acordo com a denúncia de uma bancária da agência, há alguns dias uma funcionária sentiu fortes dores no rim e os demais funcionários foram impedidos de socorrê-la.
“Ela se retorcia de dor, mas quando os colegas se ofereceram para levá-la ao hospital, a gerente-geral proibiu, pois o atendimento ao cliente não podia ficar ainda mais defasado por causa da falta funcionários, e muito menos seria possível diminuir a quantidade de trabalhadores para ajudar no atingimento de metas absurdas e abusivas”, critica a bancária, acrescentando que a colega teve de ir de táxi, sozinha, procurar atendimento no hospital.
Heptacampeão em reclamações
Se em uma ponta os funcionários do Santander são tratados com tamanho desrespeito e falta de humanidade, do outro lado os clientes também não se sentem satisfeitos. A instituição espanhola liderou pelo sétimo mês seguido o ranking de reclamações do BC, que considera as instituições com mais de um milhão de clientes.
O BC considerou que 2.195 reclamações feitas contra as instituições de grande porte em agosto foram procedentes. Em agosto, o Santander registrou um índice de 1,81, número que considera as reclamações procedentes divididas pela quantidade de clientes multiplicada por 100 mil.
A diretora executiva do Sindicato Rita Berlofa lembra que o presidente do Santander recentemente reafirmou que o foco do banco tem de ser o cliente. “Mas como focar no cliente se o banco não respeita seu principal artífice, que é o trabalhador? Há uma distância entre discurso e a prática. Como falar em foco no cliente se o responsável pelo atendimento não é valorizado, não é respeitado? Como focar no cliente se não há trabalhadores suficientes nas agências para bem atendê-los? Como falar em foco no cliente se os trabalhadores estão adoecendo devido às pressões violentas pelo cumprimento de metas abusivas? Como falar em foco no cliente se os funcionários são obrigados a vender produtos que não interessam aos clientes para poder cumprir a meta estipulada? Como falar em foco no cliente com essas práticas vigentes?”, questiona a dirigente.
Um dos bancários que denunciou a pressão na agência concorda. “Passamos a maior parte do nosso tempo nos dedicando ao banco, onde os próprios gestores, se é que assim os podemos chamar, dizem que são a nossa segunda família e dizem que temos de ser felizes! Como ser feliz trabalhando com pessoas tão carrascas e que só pensam em números, e onde os funcionários são apenas mais um número e são tratados como ninguém, como nada?”, desabafa.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo