Maio 19, 2024
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Bancos vão acabar com piso para TED, mas não querem isentar tarifa

Os bancos se preparam para acabar, até o fim de 2015, com o valor mínimo para as operações de Transferências Eletrônicas Disponíveis (TED), apurou o jornal Valor Econômico em reportagem publicada na edição desta quarta-feira (4). Em cronograma acertado com o Banco Central, as instituições financeiras se propõem a realizar transferências de recursos de uma conta a outra no mesmo dia, independentemente do valor.

Hoje, há um valor mínimo de R$ 1 mil para que uma transferência possa ser feita nesse formato. Com a medida, os bancos esperam diminuir o uso do tradicional DOC (documento de crédito), largamente empregado em transações de até R$ 5 mil, em que o dinheiro só cai no destino no dia seguinte.

“No entanto, nada foi divulgado sobre o fim da cobrança da tarifa, que é uma das reivindicações dos bancários para combater o crime da ‘saidinha de banco’”, critica Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. “Muitos clientes preferem sacar altas quantias em dinheiro para não pagarem as taxas cobradas pelos bancos e acabam sendo alvo de assaltantes”, alerta.

“Os bancos só olham para a gestão do lucro e não se preocupam com a prevenção de assaltos e sequestros. A ‘saidinha de banco’ tem sido inclusive a principal responsável pelas mortes em assaltos envolvendo bancos, conforme revelam as últimas pesquisas nacionais da Contraf-CUT e da CNTV”, completa Ademir.

Quando foi lançado, o piso para a TED era de R$ 5 milhões, mas rapidamente esse valor caiu para R$ 5 mil naquele mesmo ano. Em 2013, data da redução mais recente, o valor mínimo baixou de R$ 2 mil para R$ 1 mil.

A Febraban confirmou ao Valor que, em 4 de julho, o valor mínimo para se fazer uma TED vai cair de R$ 1 mil para R$ 750. Mas não quis se comprometer com uma data para novas reduções nesse piso.

“Podemos tornar a reduzir mais à frente, mas não há nada programado”, afirma Walter Tadeu de Faria, diretor-adjunto de operações da Febraban. “Acredito que o valor mínimo para se fazer TEDs deva ser zerado de médio a longo prazo.”

Em termos de vantagens para os bancos, analistas esperam que a extinção do DOC no futuro possa trazer algum tipo de redução de custos, já que as instituições não precisarão trabalhar com dois sistemas de transferência de recursos em paralelo.

Hoje, os cinco maiores bancos do país já cobram o mesmo valor de tarifa para ambas as modalidades. A facilidade da TED, porém, pode fazer com que aumente o número de transferências eletrônicas, em substituição ao cheque e ao dinheiro, por exemplo.

“Os bancos estão devendo contrapartidas sociais para os bancários e a sociedade. Eles reduzem custos, mas apropriam os ganhos e ainda expõem os clientes a riscos desnecessários e perigosos. Vamos continuar lutando pela isenção das tarifas de transferência de recursos como forma de combater a ‘saidinha de banco’ e proteger a vida das pessoas”, conclui Ademir.

Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico