Vinícius Pinheiro
Valor Econômico – De São Paulo
O banco Santander anunciou acordo para a venda de 50% de seu negócio de custódia qualificada para um grupo de investidores liderado pela gestora de fundos de “private equity” americana Warburg Pincus e que inclui a Temasek, empresa de investimentos do governo de Cingapura. O serviço de custódia se refere à guarda de títulos, como ações, detidos por investidores.
O acordo envolve as divisões do banco em Espanha, Brasil e México, que juntas reúnem 738 bilhões de euros sob custódia. O negócio como um todo foi avaliado em 975 milhões de euros na transação.
A unidade brasileira do Santander detinha em abril deste ano um total de R$ 199 bilhões em ativos sob custódia, a maior parte da própria instituição, de acordo com dados da Anbima, associação das instituições que atuam no mercado de capitais.
Com a venda, o Santander Brasil deverá receber aproximadamente R$ 859 milhões à vista, sujeito a ajustes, na data de fechamento da operação, prevista para o quarto trimestre deste ano. O banco informou que usará os recursos “no curso ordinário dos negócios”. Para o grupo espanhol, o negócio representará um ganho de 410 milhões de euros.
Pelo acordo anunciado ontem, os negócios de custódia do Santander ficarão concentrados em uma sociedade na qual o banco espanhol e o grupo de investidores deterão participação de 50% cada.
No Brasil, o negócio inclui a venda de 100% das ações da CRV DTVM, uma subsidiária do banco no país que presta serviços de administração de fundos de investimento a terceiros. A empresa mudará o nome para Santander Securities Services Brasil DTVM e, com a operação, também concentrará os serviços de custódia qualificada.
Após o acordo, a empresa assinará um contrato de prestação de serviços de custódia com o Santander Brasil. A transferência da custódia para a empresa estará sujeita à prévia aprovação dos clientes, segundo o banco.
No caso dos fundos de investimento administrados pelo banco, a transferência passará pela aprovação dos cotistas. O Santander Brasil permanecerá como administrador dos fundos, de acordo com comunicado encaminhado pela instituição.
Em comunicado divulgado na Espanha, o presidente do grupo Santander, Javier Marín, afirmou que a aliança deve incrementar a atividade de custódia e administração de fundos do banco e permitirá ampliar os produtos e serviços para os clientes na Espanha e na América Latina.
A venda da divisão de custódia é mais um capítulo na ampla reestruturação promovida pelo Santander no país e no exterior.
No ano passado, o banco vendeu 50% da área global de gestão de fundos de investimento para a mesma Warburg Pincus, ao lado da gestora americana General Atlantic, em uma operação avaliada na época em pouco mais de 2 bilhões de euros.
Em abril, a instituição financeira lançou uma oferta de 4,7 bilhões de euros pelas ações do Santander Brasil listadas na BM&FBovespa. A matriz espanhola ofereceu aos minoritários 0,7 ação do grupo Santander por unit do banco no país, o equivalente a R$ 15,31 por papel na época do anúncio da oferta.
Procurados pelo Valor, o Santander Espanha, o Santander Brasil e a Warburg Pincus informaram que não comentariam a transação.
Fonte: Valor Econômico