A greve nacional bancária prevista para a última sexta-feira (20/10) na Argentina foi suspensa após determinação do Ministério do Trabalho daquele país, que também convocou uma reunião entre a Asociación Bancaria (o sindicato dos bancários argentinos) e representantes dos bancos Santander, Galicia e Supervielle.
O movimento sindical bancário argentino denuncia as empresas pelo descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho, prática injusta nas mesas de negociação, terceirização e fechamento de agências e redução de postos de trabalho, em grande escala, ocasionando a sobrecarga dos funcionários que permanecem.
A secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, explica que o desrespeito sofrido pelos trabalhadores do Santander na Argentina é o mesmo sofrido pelos bancários do Santander aqui no Brasil. “Nós nos solidarizamos aos nossos irmãos e vizinhos argentinos. O movimento do Santander, de retirada de direitos dos trabalhadores, é um movimento global, portanto a nossa luta precisa ser articulada no âmbito internacional”, explica.
Aqui no Brasil, Rita lembra que, desde o segundo semestre de 2021, o banco intensificou o processo de terceirização, com a criação de seis empresas, cada uma com funcionários vinculados a um sindicato diferente. “A terceirização causa separação entre os trabalhadores e, com isso, enfraquece os direitos conquistados na convenção coletiva da categoria bancária. E esse processo é repetido pelo Santander em outros países”, destaca.
A justiça brasileira já condenou três vezes o Santander por fraudar a contratação de bancários, a partir da alteração de contrato para transferir trabalhadores, de forma compulsória, do CNPJ do Santander para um dos CNPJs das empresas criadas. “O objetivo com isso é rebaixar salários e direitos, além de fragilizar a organização sindical por meio da fragmentação da categoria”, explica a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander, Wanessa de Queiroz.
Rita observa que nunca foi tão fundamental à classe trabalhadora a organização internacional. “A globalização capitalista desregula os direitos do trabalhador e as cláusulas sociais conquistadas nos acordos coletivos. Isso fica claro com a escalada da precarização do mercado de trabalho não apenas no Brasil, como no mundo, onde estamos vendo que a principal oportunidade de trabalho que é apresentada hoje são as plataformas de aplicativos”, aponta. “Por isso, temos dado cada vez mais destaque para a unidade dos movimentos sociais progressistas, do movimento sindical de trabalhadores. É essa unidade que impediu perdas maiores de direitos nos últimos anos e que vai permitir que tenhamos força contra as novas pressões do capitalismo vigente”, conclui.
Fonte: Contraf-CUT