Em mais uma demonstração de desrespeito e enrolação, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) negou todas as reivindicações apresentadas pelos bancários em relação aos itens de remuneração da pauta da categoria. Na reunião ocorrida nesta segunda-feira (12), o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, cobrou, entre outros pontos prioritários, reajuste salarial de 12,8% (inflação do período mais aumento real de 5%), PLR de três salários mais R$ 4.500, piso do Dieese (R$ 2.297,51 em junho).
A Fenaban também recusou a valorização do vale-refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta-alimentação e auxílio creche/babá, no valor do salário mínimo, hoje em R$ 545, bem como rejeitou a implantação de Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) e de planos de previdência complementar em todos os bancos. Como se não bastasse, os banqueiros negaram o pagamento de salário substituto e a gratificação semestral de 1,5 salário para todos os bancários.
“É inadmissível que setor financeiro com ganhos tão elevados se negue a valorizar os seus funcionários, enquanto altos executivos ganham até 400 vezes mais do que o piso do bancário. O Brasil está entre os dez países com a pior distribuição de renda do mundo e, para mudar essa situação, é necessário aumentar salários”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. “O discurso de que os bancos não podem elevar os seus custos não convence ninguém. Os maiores bancos do país lucraram mais de R$ 25 bilhões somente no primeiro semestre de 2011″, sustenta.
Essa foi a terceira rodada de negociações da Campanha Nacional 2011. Nas duas primeiras rodadas, foram discutidos os temas de emprego, igualdade de oportunidades, saúde do trabalhador, segurança bancária e questões sociais.
“A Fenaban já está há um mês com as demandas dos bancários e, em três reuniões, discutindo as reivindicações da Campanha Nacional, os banqueiros não aceitaram nenhuma de nossas demandas e não apresentaram nenhuma proposta concreta”, lamenta Cordeiro. “É uma sinalização muito ruim que revela um profundo descaso com quem produz os resultados fabulosos dos bancos”, sustenta.
Uma nova rodada de negociação ficou agendada para o próximo dia 20, terça-feira, em São Paulo. A Fenaban prometeu apresentar uma proposta global para a categoria. “Esperamos que os bancos venham com uma proposta concreta que contemple as reivindicações da categoria, envolvendo remuneração digna, emprego, saúde, condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades”, alerta Carlos Cordeiro.
Mobilização cresce em todo Brasil
O Comando Nacional orientou a realização de três dias nacionais de mobilização nesta semana para discutir com a categoria os temas da minuta de reivindicações discutidos nas três reuniões realizadas entre bancários e Fenaban. Novamente a participação é determinante, pois precede a apresentação de propostas pelos bancos. “Vamos pressionar os bancos para que apresentem propostas sobre todos os temas que preocupam os bancários em seu dia a dia, a fim de que tenhamos emprego decente”, sustenta Cordeiro.
A postura intransigente dos bancos, que não apresentaram propostas para garantir emprego decente, aposentadoria digna, aumento real, mais empregos, fim da rotatividade e combate à terceirização, dentre outras demandas, está aumentando a insatisfação dos bancários e intensificando a mobilização e a unidade nacional da categoria. Em vista disso, os bancos têm apelado para práticas antissindicais e ameaças de descontar os dias parados em caso de greve, como forma de tentar desmobilizar a categoria que desde 2004 conquista aumento real de salários com mobilização e greves.
“É um absurdo essa posição dos bancos que não trouxeram nenhuma proposta e já estão apostando no confronto”, afirma Carlos Cordeiro. “A categoria deve mostrar que não vai aceitar essa postura e fazer uma campanha ainda mais forte que a de 2010, quando realizou a maior greve dos últimos 20 anos, que arrancou aumento real pelo sétimo ano consecutivo e a maior valorização do piso”, completa.
Veja o calendário das mobilizações:
Dia 14 – emprego e igualdade de oportunidades
Dia 15 – saúde, condições de trabalho e segurança
Dia 16 – remuneração
Confira o calendário das negociações:
Dia 13 – negociação específica com a Caixa
Dia 13 – negociação específica com o Banco do Nordeste
Dia 14 – negociação específica com o Banco do Brasil
Dia 16 – negociação específica com o Banco da Amazônia
Dia 20 – quarta rodada de negociação com a Fenaban
Dia 20 – negociação específica com o Banco do Brasil
Fonte: Contraf-CUT