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Indicada para Caixa Corretora é denunciada por assédio moral

Denúncias que evidenciam prática sistemática de assédio por parte de dirigentes da Caixa voltaram à tona. Desta vez, envolvem a futura presidenta da Caixa Corretora, Camila Aichinger, acusada de quatro denúncias de assédio moral na corregedoria do banco público.

Todas tratam do período em que Aichinger presidiu Caixa Seguridade, entre junho de 2021 e maio deste ano. A executiva integrava o time do ex-presidente do banco Pedro Guimarães, que deixou a instituição financeira depois de denúncias de assédio moral e sexual.

Durante a gestão de Guimarães, Camila Aichinger passou de gerente regional no Paraná para uma vice-presidência da Caixa em menos de quatro anos. Ela deixou o último posto com a chegada da atual presidente do banco, Daniella Marques, mas foi indicada para a presidência da Caixa Corretora. Desse modo, manterá seus vencimentos no mesmo patamar.

As informações estão em reportagem de Lucas Marchesini, da Folha de S.Paulo. A Caixa não comentou o andamento do caso ou o conteúdo das denúncias. Alegou que, “por imposição legal, não divulga informações relacionadas a procedimentos correcionais”. Aichinger teria sido procurada, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem.

 O jornal informa ter obtido relatos de quatro funcionários da instituição, com histórias de xingamentos, abusos verbais e humilhação em público. “Não eram situações pontuais ou esporádicas. Era um comportamento constante de gritos, xingamentos e ameaças, por qualquer motivo”, afirma o relato de um denunciante ao jornal. “Os gritos eram tão altos que era possível ouvir o que era dito de fora da sala”, diz o texto.

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Os casos ilustram números alarmantes demonstrados em pesquisa. Em dezembro do ano passado, a Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae) realizou 3.034 entrevistas com funcionários. Assim, revelou que seis em cada dez sofreram assédio moral, e quase 70% já testemunharam a prática. Confira a pesquisa.

Os xingamentos eram semelhantes aos denunciados em relação ao ex-presidente Guimarães. Ambos se referiam a pessoas que os desagradavam com termos como “faixa branca”, “júnior” ou “pau mole”. Pelas denúncias contra a executiva, os funcionários alvos do assédio moral pediram a mudança no comportamento da dirigente.

Ao menos dois denunciantes afirmam que os abusos se reverteram em sintomas físicos, com ataques de pânico e necessidade de licenças médicas.

A partir das denúncias, a corregedoria do banco vai decidir se abre um processo formal contra Aichinger. A punição pode ir de advertência a demissão. Além disso, pode haver responsabilização civil. Desse modo, o ex-funcionário pode ter de arcar com eventual multa que o banco receber por causa dos abusos.

A futura presidenta da Caixa Corretora é formada em Turismo. Foi gerente regional da Caixa no Paraná desde 2016 e, em março de 2019, foi alçada ao cargo de superintendente regional. Naquele mês, Guimarães esteve duas vezes no estado em viagens pelo banco. Camila Aichinger ocupou o cargo por apenas oito meses até ser levada para Brasília como superintendente nacional.

Após quatro meses, virou diretora-executiva da Caixa Seguridade e, em junho de 2021, CEO da empresa. Lá ficou por cerca de um ano, para em seguida assumir o cargo de vice-presidente da Caixa. Mas saiu após a queda de Guimarães.

Ao longo da gestão de Guimarães, seu salário mensal pulou de cerca de R$ 25 mil para mais de R$ 130 mil, somando vencimentos na Caixa e participações em pelo menos sete conselhos.

Os funcionários da Caixa que conversaram com a Folha expressam um temor reforçado pelo fato de a Caixa Corretora ficar no mesmo andar da Caixa Seguridade. Com isso, várias pessoas que teriam sofrido ou testemunhado casos de assédio moral podem passar a conviver com a executiva novamente.

Fonte: Rede Brasil Atual