Abril 25, 2024
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Centrais sindicais discutem no FST crise capitalista e trabalho decente

A CUT, as demais centrais sindicais brasileiras e organizações internacionais de trabalhadores estiveram reunidas na tarde de quarta-feira (25) na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul para abrir a primeira das duas mesas dedicadas ao mundo do trabalho no Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre.

 

A abertura dos debates sobre a atuação do movimento sindical na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e ações para enfrentar a crise do capital ficou a cargo do prefeito de Porto Alegre e ex-presidente da CUT-RS, José Fortunati.

 

Ao lembrar que, desde a primeira edição do Fórum Social Mundial, os movimentos organizados já alertavam sobre a crise iminente do sistema capitalista, responsável por ceifar empregos e reduzir as conquistas arrancadas pelos trabalhadores, ele também apontou a importância de o Brasil ter encontrado um caminho diferente daquele sempre indicado por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

“Mostramos que é possível enfrentar a crise com geração de emprego, renda e valorização do mundo do trabalho e que esse modelo é adequado”, citou Fortunati.

 

O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, foi além da Rio+20 e comentou a importância de os trabalhadores se preparem para enfrentar também o debate da Conferência do Trabalho Decente, que acontece ainda no primeiro semestre, em Brasília. “Teremos a oportunidade de apresentar propostas que realmente democratizem o mundo do trabalho no Brasil e as relações sindicais”, defendeu.

 

Para o dirigente sindical, a discussão sobre o desenvolvimento sustentável está incompleta se não englobar a distribuição de renda. “Não adianta fabricar uma caneta sem degradar o meio ambiente, mas continuar acumulando riquezas nas mãos de poucos e explorando a classe trabalhadora.”

 

Ele criticou ainda o discurso das grandes potências contra as chamadas nações emergentes, entre as quais, o Brasil. “Não vamos aceitar que os imperialistas mantenham discurso de que fazem suas intervenções para preservar, quando essas ações são para roubar e concentrar as riquezas para poucos. Sabemos muito bem que quando falam em preservar a água é igual fazem sobre o petróleo, para manter nas mãos de poucos”, disse.

 

“Não queremos que aqueles que já destruíram os seus países, e falo em especial da Europa e dos EUA, digam para nós que não podemos crescer porque precisamos preservar o meio ambiente. Temos que preservar sim e vamos lutar para isso, mas temos que ter o direito de também desenvolver, evidentemente, com sustentabilidade e responsabilidade sobre nosso solo e nosso povo”, frsiou Quintino.

 

Representante dos trabalhadores na América Andina, Rosa Elena, foi muito aplaudida ao alertar sobre as práticas antissindicais em todo o mundo. “Esse fórum deve discutir as várias crises que enfrentamos, do desemprego, da autonomia sindical e da perseguição aos sindicalistas por parte de patrões e governos que não discutem o contrato coletivo e prendem nossos companheiros e companheiras porque protestam. Estamos num momento de resistência e devemos trabalhar muito para avaliar nossos obstáculos e pontos fortes.”

 

O coordenador das Centrais Sindicais do Uruguai, Hector Castellano, questionou se é possível um novo mundo sob o mesmo sistema. “É possível que haja justiça ambiental e social no capitalismo? Creio que não. Para nós, do movimento sindical uruguaio, o capitalismo não está em crise, é a crise. Devemos ser independentes de classe, mas não indiferentes aos problemas que acontecem em outros setores da sociedade”, explicou.

 

Ao final, o diretor da CUT, Cláudio Augustin, citou os avanços que ainda são um grande desafio para a classe trabalhadora. “Temos conquistas sociais sim, mas ainda uma alta taxa de juros, uma alta concentração de renda, somos campeões em acidentes de trabalho. Temos muito a crescer, porém, só com a luta conjunta será possível.”

 

Fonte: CUT