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Santander vende ações, faz malabarismos e reforça capital na Espanha

Depois de uma corrida contra o tempo, o Santander pode começar o ano aliviado. Cerca de seis meses antes do prazo final dado pelas autoridades europeias, o banco espanhol anunciou ontem que conseguiu reforçar seu capital, conseguindo levantar 15,3 bilhões de euros.

 

Uma série de medidas ajudou o banco a alcançar o índice de 9% de capital principal em relação ao risco ponderado, sendo que o Brasil teve importante contribuição. Mundo afora, o Santander converteu títulos de dívidas em ações (6,8 bilhões de euros), converteu ações preferenciais em ordinárias (1,9 bilhão de euros), embolsou dividendos complementares de 2011 (1,6 bilhão de euros), vendeu ativos, como uma participação de 8% da unidade chilena (? 600 milhões), arrumou outras trocas acionárias e gerou capital organicamente (4,2 bilhões de euros).

 

Responsável por 25% do resultado grupo, o Brasil certamente engordou o capital da matriz. De janeiro a setembro, o Santander Brasil lucrou R$ 2,7 bilhões. Mas não foi só isso. Uma transação fechada pelo Santander Espanha envolvendo a subsidiária brasileira há mais de um ano também está trazendo alívio ao grupo agora.

 

Em outubro de 2010, a matriz vendeu para a Qatar Holdings, braço de investimentos do fundo soberano do Qatar, ? 2,7 bilhões em títulos obrigatoriamente conversíveis em ações do Santander Brasil. É o equivalente a 5% da unidade brasileira.

 

Apesar de no ato da venda dos papéis o dinheiro já ter entrado no caixa do Santander, o banco não podia contabilizar esses recursos como capital. Isso porque a conversão, apesar de obrigatória, ainda não ocorreu, só se dará no vencimento dos bônus, em 2013.

 

Agora, ao separar em um outro banco as ações que entregará à Qatar Holdings no vencimento dos bônus, o Santander conseguiu com os reguladores o direito de poder registrar o dinheiro no capital. O banco informa que o acordo para já retirar as ações do seu balanço foi costurado na semana passada. Em comunicado, o Santander informa que transferiu 4,41% do capital da unidade brasileira a uma instituição financeira.

 

“Pegamos o dinheiro em 2010 e o que conseguimos agora é o tratamento dele como capital”, afirmou ao “Financial Times” José Antonio Alvarez, diretor de finanças do Santander. Agora a meta do banco é alcançar até junho de 2012 um índice de 10% de capital.

 

O banco anunciou outra mudança envolvendo o Brasil. Uma fatia de 5,18% do Santander Brasil que era detida pelo Grupo Empresarial Santander foi transferida ao banco Santander Espanha. A instituição, porém, não detalha os motivos dessa operação.

 

Clique aqui para ver o comunicado do banco ao mercado.

 

No Brasil, as units do Santander encerraram o dia em alta de 1,58%, a R$ 15,34, enquanto o Ibovespa subiu 0,82%. O principal motivo da alta, segundo analistas, é que, ao alcançar o capital mínimo, dilui-se o risco de o banco vender fatias adicionais da operação brasileira.

 

A transação com o bônus do Qatar deixou o Santander mais perto de alcançar 25% de ações em circulação até o fim deste ano (agora está em 22,75%). Na Espanha, os papéis encerraram o pregão estáveis.

 

Fonte: Carolina Mandl – Valor Econômico